sexta-feira, 22 de abril de 2016

Pôr a roupa a secar nunca será como antes:
a importância da cor

Já sabem que estas quatro se conhecem desde os 10 anos de idade. Claro que nos primeiros anos de amizade as conversas não tinham os assuntos de hoje, passado um quarto de século.
Em meados de abril, as amigas lancharam juntas e, às tantas, a conversa era sobre arrumação: arrumação por cores e categorias… Começámos pela arrumação das gavetas por cores e categorias. Blusas, camisolas, cuecas, peúgas, meias, collants, estas são algumas das “categorias”. Depois arrumam-se por cores e escala de cores.
Duas riam-se a bom rir e outras duas afirmavam fazer assim, e acrescentaram, quando pomos a roupa a secar, uma pendura cada peça, em geral com as duas molas da MESMA cor. A outra só tem molas amarelas (90%) e vermelhas (10%). As amarelas, para a esmagadora maioria da roupa, e as vermelhas para as peças vermelhas. Ora, as gargalhadas eram já tantas que toda a gente no café as olhava, surpreendidas umas, chocadas outras (mulheres adultas a rir assim não é de bom tom. E elas preocupadíssimas!)
Escusado dizer que as outras duas não têm um método tão apurado para pôr a roupa a secar ou mesmo para arrumar as gavetas. São a favor do arco-íris no que respeita a gavetas e estendal da roupa.
Esta semana, almoçaram juntas e cada uma recebeu uma prenda: molas, molas amarelas, molas verdes e molas de várias cores.
Durante os dias que separaram o lanche do almoço, pôr roupa a secar foi motivo para sorrir e relembrar a conversa.

A partir de agora pôr a roupa a secar nunca será a mesma coisa, pelo menos, no rosto aparecerá um sorriso, se não uma gargalhada, porque com estas quatro, apesar dos problemas do dia-a-dia, pessoais ou profissionais, esta amizade é fonte de alegria e de energia.

domingo, 3 de abril de 2016

Subiu para o mini autocarro ajudada pela mãe. Em lágrimas e perguntando porque o papá ficava, queria que o pai também viesse com eles. A mãe tentava acalmá-la com palavras doces, sussurradas ao seu ouvido, mas ela via o pai no varanda do aeroporto, e só chorava e dizia que queria o papá. O irmão, pouco mais velho, tentava entusiasmá-la com o facto que ia andar de avião, ele já tinha andado, mas para ela, era a primeira vez. Mas nada a acalmava. Do choro desesperado, passou aos soluços e acabou por adormecer, já no seu lugar, no avião, para alívio da mãe e dos outros passageiros, que de certo modo se sentiam como aquela menina, desesperados, deixavam tudo para trás...
Lembra-se de de lhe terem dito que lá em baixo era Casablanca, ela só viu nuvens brancas.
Quando chegaram ao destino, carregava nos braços uma boneca pouco mais pequena que ela e um cestinho plástico, verde, com as suas loicinhas, respondendo com modos agressivos a quem se metia com ela, por causa do semblante triste e amuado, ou por causa da boneca. 
Em casa dos familiares, escondeu-se debaixo de uma mesa, assustada, não percebia aquela alegria com risos histéricos e lágrimas grossas a correr pelas faces.
Ainda hoje não gosta de falar nesses dias e o marido abraça-a e diz-lhe que tudo vai passar... Sim, passaram 41 anos...  


D.