quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Estaríamos no ano de 1979, acabámos de passar da Primária para a Preparatória, do 1º para o 2º ciclo.
Tínhamos 10 anos de idade, todas tínhamos irmãs ou irmãos mais velhos. Todas diferentes e todas iguais na amizade, na alegria, na camaradagem.
Estávamos numa turma rebelde, nós, mais ou menos, meninas da mamã, acabámos por sobreviver e participar alegremente naquelas travessuras todas!!
O Luís e o Nini eram os mais atrevidos no desafio aos professores. Uma vez, alguém que nós não sabíamos quem (jamais revelaríamos o nome ou deixaríamos que alguém revelasse!), colocou um pionés na cadeira da professora de Educação Visual... Como ninguém se acusou ou acusou alguém, toca a levar uma falta colectiva e tudo para a rua!! Outra vez, na aula de música no momento em que, teatralmente (como era seu apanágio), a professora de música se preparava para atacar as teclas do órgão, alguém - continuamos sem saber quem e a ter raiva a quem se atrever a dizer quem foi! - rastejando até à ficha, desligou o órgão da tomada, fazendo sair um som surdo e pouco musical das teclas atacadas!
Aconteceu também um dia, na altura em que os abrunhos amadurecem, termos ido todos - havia sempre dois ou três que se cortavam a estas aventuras. Confesso que eu, por temperamento, seria uma dessas crianças/pessoas, não sei o que me transformou naquele ano letivo da minha vida! Como ia escrevendo, fomos à bouça, ou mata, "paredes meias" com a nossa escola pré-fabricada, escapámos-nos pelas escavações (buracos) que havia no muro que nos protegia da mata, e fomos abastecer-nos nos abrunheiros, voltando para a sala carregadíssimos... Aula de Francês. Bom, só vos digo que quando a Presidente do Conselho Directivo entrou na sala, uma senhora baixinha, vestida à maneira clássica, saia e casaco axadrezada ou pied-de-poule, com uma cabeleira arranjada uma vez por semana na cabeleireira, tão cheia de laca que nem um milímetro se mexia, enquanto a senhora, de alcunha Bacalhau Sueco, abanava com a cabeça, indignada com semelhante espectáculo: o chão cheio, verdadeiramente coberto de caroços mal descarnados de abrunhos... E nós? Assobiando para o alto, olhando o vazio, com os rostinhos mais inocentes e larocas que os recém adolescentes podem ter aos 10 anos de idade. Lá fomos todos novamente para a rua com falta colectiva.
Foi assim, neste ambiente, que começou o nosso lema para a vida Um por todos e todos por um! Nessa altura seríamos uns 20 e poucos, continuámos vida fora nós as quatro:
Anita, Bela, Dinha e Lina.

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